Rebuçados Adélia

Rebuçados Adélia, os rebuçados com nome de “mãe”!


De nome completo Maria do Rosário Palma Jacinto, Rosário é hoje o rosto dos rebuçados “Adélia”, uma herança que diz ser da parte algarvia da família de seu pai. Dos rebuçados e da sua confeção enquanto empreitada de família, diz ter memória longínqua “lembro-me deles desde que me lembro de mim própria. A minha mãe só não plantava o amendoim, mas descascava-o e torrava-o ao sol do verão alentejano, e o mel das abelhas que o meu pai tinha era usado para confecionar esta iguaria. Era uma tarefa em família: a minha mãe punha o seu tacho ao lume com a mistura que depois vertia sobre uma pedra mármore, moldava os rebuçados e nós crianças enrolávamos em pedacinhos de papel vegetal.” As crianças eram a Maria do Rosário, a Maria de Fátima sua irmã e o Manuel Jacinto seu irmão.

Os rebuçados têm, então, o nome da mãe “Adélia” e Rosário, a filha, começou a produzi-los há 4, 5 anos para responder a um apelo das ténues lembranças de infância. Não herdou a receita, com o falecimento da mãe, teve de a rebuscar na memória do “ver fazer”. Ensaiou as quantidades e por tentativa-erro, chegou novamente à combinação perfeita dos elementos. A irmã hoje vive longe, mas também ajuda nesta empreitada, assim como a cunhada, porque já se viu isto é um negócio de família.

Na calda de açúcar em ponto caramelo envolve o amendoim torrado que se verte, depois, na bancada. Um a um, cada rebuçado é moldado por mãos sabedoras e, invariavelmente, cada um, é embrulhado em papel branco, com as pontas torcidas, para lhe dar um ar de graça.

Os rebuçados, antigamente, chamados de “batacões” vendem-se em saquinhos nas feiras de produtos locais, nas lojas aqui e ali por Mértola, e ainda se aceitam encomendas pelo facebook, que os rebuçados, no fabrico são antigos, mas os tempos modernos, requerem agora outros engenhos para chegar ao freguês.

Date:

Julho 20, 2020